Por Georgia Kirilov

Definir um estilo de música é uma tarefa árdua, quando se trata de música eletrônica alguns fatores ajudam como o BPM, quais aparelhos são usados, o mood, se tem vocal ou não, etc. O techno é um daqueles que parece simples de reconhecer e reproduzir, mas na verdade é de uma complexidade quase que científica aonde todas as suas ramificações acabam se diferenciando completamente, ainda que fazendo parte do mesmo todo. Desde quando surgiu nas festas em Detroit, passando pelo toque de garage que recebeu em Londres, até o acid que Berlim deu, agora quando falamos do techno no Brasil fica ainda mais complicado de definir. Aqui o estilo recebeu melodia, cores e até foi minimalizado. Se tornou regional, como toda música que passa a fazer parte de uma cultura se torna. Afinal, em um país desse tamanho não poderia ser diferente, a interpretação que rola no sul se comunica com a do norte, porém não são idênticas – e qual seria a graça se fossem não é?

No litoral de Santa Catarina o techno tomou uma proporção grandiosa, de show mesmo, grandes eventos, grandes nomes e grandes produções. Devido a nomes como Warung Beach Club e Green Valley, nomes internacionais como dubfire e Tale Of Us viraram figurinhas comuns na cena local. Foi dessa fonte mágica que nomes como BLANCAh, Wilian Kraupp e tarter beberam para criar suas próprias expressões do estilo. Santa Catarina tem uma cena aonde a vertente é tão popular que se tornou a música das massas, o que se escuta nos carros com som alto e no encontro de amigos no final de semana. É verdadeiramente impressionante o quanto o estilo passou a se tornar algo do dia a dia, com diversos “entendedores” espalhados por aí e uma paixão que comanda os lugares dos mais diversos como o Terraza e At Home a fazerem uso do gênero para atrair o público e proporcionar experiências que são catarinenses por definição.

Subindo no mapa temos Curitiba, capital do Paraná e local de um Techno mais sóbrio, mais controlado e preciso. Por meio de verdadeiras instituições como o Club Vibe, Tribaltech, Radiola Records e agora a Sweetuf e o Music Nerds, o estilo vem se renovando. A cidade é mais fria e o povo mais sério e essas características se traduzem nitidamente para a vertente do estilo no âmbito regional. Com um controle mais preciso, as ondulações sonoras curitibanas são mais comedidas, porém entregues com maestria em uma cena que é relativamente nova, mas se porta como se existisse há anos e entendesse de tudo e mais um pouco – você se torna o que você reflete e Curitiba é prova disso.

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Em São Paulo, centro do país para toda e qualquer questão cultural, o Techno explodiu com uma pegada mais acid, aonde novos nomes forma uma cena independente efervescente. Além das festas itinerantes, a capital cultural, é casa para a icônica D-EDGE – o mais próximo que uma balada chega das weekender parties de Berlim – e serve como inspiração para Renato Ratier desenvolver sua marca que conta com diversas vertentes criativas, até a D AGENCY que representa alguns dos melhores e maiores nomes do âmbito local e nacional. A cena, no momento, tem um cunho social fortíssimo e desempenha um papel importante de promover conversas essenciais dentro da indústria.

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Chegamos em Goiânia, local inusitado para o techno se enraizar e conquistar os locais como fez. Porém apostar no âmbito local vale a pena e é isso que nós, da Nin92wo, por meio de festas como a Lost and Found, conseguimos fazer. A resposta do público foi positiva e a prova de que o Techno é uma língua internacional, porém com forte apelo regional, nos foi dada. A medida que a cena vai sendo introduzida e as pessoas convertidas – literalmente – a coisa cresce e o interesse aumenta. Visibilidade é a chave da questão e quando propulsores se encarregam de dividir o que há de bom no mundo com os nichos que compõe a cena nacional, essa se desenvolve e se torna particular em cada local, ainda que fazendo parte do todo da qual é composta. Vale a pena apostar nos artistas made in Brasil, vale a pena explorar o techno regional e analisar como mesmo se comunica no âmbito nacional e internacional. Nós acreditamos. Force on the dancefloor!

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