Against the Time aos poucos tem se tornado parte do time regular da Nin92wo. Sua precisão na produção musical aliada a boa técnica tem garantido a este jovem produtor brasileiro o reconhecimento de medalhões da dance music internacional, como Amelie Lens e Tale Of Us.

Seu novo EP, Atlant, foi lançado essa semana e é formado por duas faixas originais e remixes dos também brasileiros Be Morais e Binaryh. Marco Faraone, Paul Ritch, Animal Trainer e Jamie Jones são alguns dos nomes que declararam apoio ao EP, que possui uma importância significativa para o calendário anual da Nin92wo. A nosso convite, Márcio Gomes aka Agains the Time respondeu 9 perguntas no estilo jogo rápido para a nossa equipe. Confira:

1 – O que não pode faltar em um DJ pra você?

Acho que o principal atributo pra ser um bom DJ é a conexão com a pista, saber conduzir, além de você ter um papel muito importante, o de apresentar coisas novas ao público. Hoje em dia existem muitos DJs preguiçosos, que tocam o que o público já conhece apenas para obter retorno na pista. Tocar uma música que ninguém conhece e obter uma resposta boa do público é sensacional.

2 – Seu processo criativo definido em uma palavra:

Momento. Sou um cara muito de momento, tem dias que sento na cadeira e as ideias fluem com completa naturalidade.

3 – Fale sobre a importância da Nin92wo na sua carreira:

A Nin92wo tem sido um grande pilar, não só na minha carreira, como na cena eletrônica nacional, seja apresentando novos artistas, ou na curadoria de alguns eventos. O Alex vem fazendo um trabalho bem sólido e desenvolvendo um papel muito importante para todos nós. Meu primeiro trabalho foi um remix junto com Victor Enzo para a faixa “Utopia” do Monobloq. O resultado foi muito bom, não é atoa que é a segunda faixa mais vendida do selo. Agora retorno a gravadora com o EP Atlant, que inclusive já tem ótimos feedbacks.

4 – Como você enxerga o atual momento do cenário nacional:

Acho que o cenário nacional está em constante mudança, alguns anos atrás eram outras vertentes que estavam mais em alta, hoje em dia podemos ver progressive house e o melodic techno ganhando bastante força. O mercado é bem promissor, temos diversos artistas ganhando destaque, tanto nacionalmente quanto internacionalmente, vemos vários festivais que há anos atrás nem sonhávamos em ver por aqui, artistas consagrados munda afora tocando em nosso solo. Isso é muito bom, tenho bastante confiança na cena nacional.

5 – Qual foi a primeira música eletrônica que te encantou?

Olha, eu comecei a escutar música eletrônica há mais de uma década, não sei definir qual a PRIMEIRA, mas uma música que me marcou muito e que até hoje me da arrepios ouvindo é: Mano Le Tough – Primative People (Tale Of Us Remix), essa música marcou muito minha carreira, tanto Mano quanto ToU são duas fontes de inspiração pra mim, além da faixa ser ESPETACULAR.

6 – Qual a situação mais curiosa que você já passou trabalhando com música?

Com certeza foi em minha tour pela Argentina, eu nunca havia andado de avião na vida, ainda não tinha passaporte, no caminho para o aeroporto de Guarulhos acabei derrubando refrigerante na minha carteira de identidade, não me deixaram embarcar porque havia manchado o documento. Fui na policia federal tentar um passaporte provisório, porém não consegui, meu voo já estava para sair, entrei em total desespero, pois havia planejado a tour há meses. Cheguei a chorar de nervoso, foi ai que um policial federal me viu desolado e sugeriu que eu comprasse um plástico novo pro documento e tentasse passar novamente no embarque. Comprei o plástico e o documento melhorou, mas já não dava mais pra despachar a bagagem, ai tive a ideia de deixa-la em um guarda volumes, sai correndo pro embarque apenas com a roupa do corpo e alguns equipamentos que estavam em minha mochila, fui entrando e quando vi estava na porta do avião, no momento que sentei na poltrona parecia que um prédio de 20 andares tinha saído das minhas costas. No final tudo deu certo, a tour foi uma experiência fora do comum, só tive que gastar um pouco de dinheiro com algumas roupas novas [risos].

7 – Dedicação ou talento: qual desses dois determina mais o sucesso?

São dois fatores muito importantes, mas considero a dedicação mas determinante. Não adianta você ter talento e ser preguiçoso. Eu sempre aprendi tudo na marra, nunca fiz nenhum curso de produção ou algo do tipo, sempre vi tutorias no youtube e em fóruns, dei muito murro em ponta de faca, mas hoje vejo que tudo valeu e está valendo muito a pena.

8 – Quão detalhista você é na produção e pesquisa musical?

Na produção procuro sempre deixar tudo bem redondo, gosto de trabalhar bastante nas faixas antes de finaliza-las, principalmente na parte de mixagem, que considero um processo muito importante para se ter uma qualidade boa nas suas faixas. Uma master foda não vai salvar uma mix ruim, por isso dou bastante atenção neste ponto. Pesquisa musical é fundamental para ser um bom DJ, ter um repertório vasto de faixas, saber usar cada uma delas no momento certo. Me atento bastante na construção das playlists, procuro sempre manter uma linha concisa e coerente.

9 – Melhor gig da carreira:

Já tive muitas gigs muito legais, a experiencia no Bahrein, em Buenos Aires, entregando a pista no ponto pro Martin Eyerer, minha estréia no Club 88 pegando a pista lotada das mãos de ninguém menos que Daniel Bortz. Mas a mais especial com certeza foi minha estréia no D-EDGE, na noite da Moving em um showcase da Prisma Techno, lá foi onde tudo começou pra mim, voltar lá 4 anos depois e ser responsável por fechar a pista 1 do club foi uma emoção tremenda. Inicialmente iria tocar duas horas, acabei tocando três, sai de lá de alma lavada.

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