Viver e estar inserido na cena eletrônica europeia é um sonho de muitos DJs, principalmente quando falamos de cidades como Londres e Berlim. Em sua “To do List”, Nuno Deconto já pode dar um check nesta tarefa, já que o DJ e produtor gaúcho passou mais de uma década absorvendo as melhores referências que um artista pode obter.
Seus aprendizados por lá foram gigantescos: Nuno adquiriu habilidades que lhe permitem se apresentar no formato de hybrid set, misturando live act com mixagem através de CDJs, vinis, controladoras e drum machines. Sua identidade sonora hoje é regida pelo techno com atmosferas mais intensas, profundas e abstratas, características que casam muito bem com nosso perfil.
Neste fim de semana, Nuno é um de nossos convidados para a edição de Maio da Shadow, festa que rola sábado, dia 11, contando também com Danny Oliveira, Alex Justino, Lucas Arr e LuizFribs. Em antecipação ao evento, Deconto respondeu nove perguntas sobre sua vida e carreira profissional. Confira:
1 – Primeiramente, que tal falarmos brevemente sua experiência internacional? Onde morou? Como isso tudo aconteceu?
Morei 12 anos na Europa, começando por Londres, onde logo me envolvi no movimento underground e principalmente me conectei com o techno. A grande abertura para festas e festivais, a facilidade de ver seu DJ favorito, a tecnologia, loja de discos, toda essa experiência e conexão junto com a cena local me ajudaram a aprimorar meu repertório e minhas técnicas de discotecagem.
2 – E o que de melhor aconteceu por lá?
Londres foi onde eu realmente comecei minha carreira como DJ na Europa, toquei em diversas festas e festivais renomados. Também produzi uma série de eventos, fui curador de grandes festivais e fundei a festa Diskonnek. Minha experiência artística se deve muito ao fato de eu ter conhecido e me conectado com artistas e profissionais importantes do ramo. Lá também me formei como engenheiro de áudio, o que startou minha trajetória como produtor. Nos últimos anos decidi me mudar para Berlim buscando expandir meu conhecimento, atualmente é onde tudo acontece. Artistas, gravadoras, lojas de vinil, tecnologia, clubs… tudo que eu precisava para me dedicar 100% à carreira estava lá.
3 – Como funciona seu processo criativo atualmente?
Depende. Hoje dia me sinto mais preparado para produzir o que vier a minha cabeça, lógico que toda minha experiência como DJ ajuda e facilita bastante. Repertório é fundamental para o processo criativo, principalmente se você quer fazer algo diferente, futurista…
4 – Estúdio ou pista? Qual ambiente te deixa mais confortável?
Os dois são bem diferentes, mas me sinto em casa em ambos.
5 – O que uma pista precisa ter para se tornar especial?
Músicas jamais ouvidas, futurísticas e hipnóticas.
6 – Fale um pouco sobre seus planos para 2019.
O ano começou com dois lançamentos, um na coletânea Cocada pela gravadora alemã Get Physical Music e um remix para o Moog Conspiracy assinado pelo selo brasileiro Hotstage Records. Ainda vão sair 2 EPs, um pela Nin92wo e outro que ainda não posso revelar.
7 – Qual o principal desafio que você precisou superar para se tornar um produtor musical?
Foi um processo extenso. Quando comecei em Londres sempre tive que trabalhar full time em outro job. Morar fora não é fácil e meu maior desafio foi achar tempo para me dedicar 100%. Consegui viver apenas de música apenas quando me mudei para Berlim
8 – Quais foram os momentos mais especiais/importantes que você já viveu na música?
Como DJ, sem citar nomes, foi tocando em vários festivais entre Europa e América, além de minhas residências por Londres e Berlim. Como produtor de eventos e curador, o momento mais especial foi do Apparitions Festival no México, em 2016. Praticamente fiz meu lineup dos sonhos com Derrick May, Juan Atkins, Kevin Saunderson, Francesco Tristano, Sebastian Mullaert, Luke Hess, MANDY, entre outros. Esse festival foi muito inspirador em termos de música, conheci, trabalhei e me tornei amigo de alguns dos meus ídolos, foi algo muito especial.
9 – Você agora voltou a morar em Porta Alegre, certo? Como tem sido estar novamente no Brasil?
Atualmente vivo um momento incrível por aqui. Fundei a Konnekt, empresa responsável por booking de artistas que conta com um estúdio de produção e também alguns cursos, por lá leciono produção musical e técnicas de discotecagens profissionais. Desde a minha volta, lancei minha primeira track, virei professor e procuro trazer todo meu network artístico para cá, nada mais especial do que trabalhar com o que você ama.
Force on the dancefloor.