Be Morais no comando.
No final do ano passado eu comecei a tentar chegar em um novo som. Um dos elementos principais que eu tinha que adaptar a essa estética era o de profundidade. Pra mim era fundamental que o meu som soasse de certa forma “imerso”, preservando a força e os ritmos característicos do Techno.
Em alguns momentos eu usei gravações de crackles de vinil ou “field recordings”, mas, por mais que eu goste desses resultados, eu queria que de alguma forma eu controlasse essa ambiência de uma forma também rítmica. Um dos resultados que eu gostei bastante foi o de recortar “crackles” e usá-los como se fosse uma percussão, com bastante reverb e delay (um delay bem saturado de preferência) e daí tentar montar uma espécie de ambiência percussiva. Assim eu consegui reduzir muitos outros elementos que eu antes sentia a necessidade de adicionar para cumprir esses dois papeis. Pads, por exemplo, deixavam a música mais misteriosa ou mais melancólica, o que não era exatamente o que eu queria. Com relação aos elementos percussivos eu ganhei mais controle. Pelo fato de o crackle não ser tão estático quanto outros noises, acho que ele deixa e música mais dinâmica, além de trazer a característica do vinil, que é bem legal.
Eu fiz um pequeno vídeo pra mostrar um pouco desse processo. Nele eu separei 3 gravações de crackles e fui recordando, tentando criar ritmos com características diferentes. Usei um echoboy, um little plate e um devil’s lock (todos da soundtoys) para processar o som original. O vídeo mostra a premissa básica, mas vale muito à pena experimentar com mais uma camada de delay, com phasers, distorções e tudo o que vier à mente. Procurando os extremos sempre rola algo novo. Às vezes acaba saindo algo mais atmosférico, às vezes algo mais percussivo.
O processo de criar essas ambiências/percussões sempre foi bastante divertido pra mim e espero que vocês achem interessante.