Camilia Giamelaro e Rene Castanho formam o Binaryh, dupla brasileira que tem se destacado dentro da cena techno graças a consistência de seus releases. O último EP deles saiu essa semana aqui na Nin92wo e é um excelente exemplo do atual nível de produção que se encontra o projeto, que para esse lançamento recebeu um remix do DJ e produtor grego Nick Devon. Reverberando todas as ondas sonoras possíveis em torno de Perpetuum, convidamos Rene e Camila para responder algumas perguntas de forma rápida para o nosso 9Questions:

1 – Antes de tudo, por quê Binaryh?

A gente pensou em vários nomes antes de escolher este, mas no brainstorm não conseguimos nos decidir. Sempre havia alguma coisa que não tinha a ver com a nossa personalidade de fato. Daí em um belo dia, fazendo uma maratona dos filmes Matrix (que nós somos apaixonados) veio um estalo. Começamos a viajar em um papo de que tudo o que nos rodeia é baseado em código binário, zeros e uns, ying e yang, homem e mulher, positivo e negativo. Pensamos que o conceito do código binário nos daria infinitas possibilidades criativas e só passamos para o inglês pra soar mais legal! Daí surgiu o Binaryh! (o H no final é só um charme adicional).

2 – Como vocês definem o relacionamento com a Nin92wo até aqui?

Nós adoramos trabalhar com a Nin92wo, é como se estivéssemos em casa! Temos liberdade pra criar, o Alex Justino é um grande parceiro profissional, além de amigo. É uma das gravadoras nacionais que fazem um trabalho sólido e que sabe que pra crescer precisa investir e esse é o mesmo pensamento que temos com o Binaryh. Acho que essa sintonia faz tudo sair de uma forma mais divertida pra todos.

3 – Live ou DJ set? Por quê?

Cada formato tem sua particularidade, é impossível escolher um só. Com o live temos sempre uma nova emoção ou surpresa, pois além de uma apresentação nunca ser igual a outra tem o adicional de a galera ir à loucura só com as nossas músicas… ou seja, conquistamos a pista com o nosso próprio trabalho e não com aquela track batida do Top 10. No DJ Set podemos tocar nossas músicas com outras influências e tracks que ouvimos apenas em casa, com o adicional de dar um toque especial com os efeitos e samples do Ableton Push, pois nosso DJ Set é híbrido. Cada formato é único e especial em sua própria essência.

4 – Como funciona o processo criativo de vocês?

Nós não temos um padrão, mas geralmente não gostamos de enrolar em estúdio, entramos apenas quando estamos com vontade de fazer algo.

Na prática buscamos começar uma música por algo que nos move naquele momento, seja melodia ou um groove de bateria e tentamos não ter pressa.

Claro que existem algumas particularidades (ou loucuras hahaha) mas muitas vezes fazemos um groove de kick e baixo e saímos do estúdio para escutar de fora, muitas vezes a melodia vem na cabeça nesse momento.

5 – Quem são os heróis de vocês na música?

Rene: Vejo como heróis aqueles artistas que me impulsionaram a começar e a seguir, sem dúvida o produtor mais importante foi Dave The Drummer, coleciono discos dele por muito tempo e sempre me impressionei com a facilidade de explorar tantos estilos diferentes de Techno. Fico feliz que hoje alguns artistas tem tocado faixas dele que foram importantes em uma época mais “Raver” do Brasil. Como DJ tenho vários, mas o mais importante é o Marky, ele toca com alma.

Camila: A Bjork é definitivamente uma das minhas heroínas. Ela vem em um pacote completo né?! Performance, voz, criatividade… Chemical Brothers também posso considerar meus heróis, porque eu lembro do arrepio que senti quando ouvi uma música deles pela primeira vez e, desde então, acompanho o trabalho deles com imensa admiração.

6 – Quais foram as principais referências para composição de Perpetuum?

Quando fizemos a Perpetuum estávamos pirados ouvindo Colin Benders e explorando o Synth da Pioneer DJ, o TORAIZ AS-1. A faixa acabou saindo do nosso Live, ela era apenas um MIDI que virou música.

7 – Nessa troca constante de energia entre artista e público, quais foram os momentos mais marcantes que vocês já tiveram?

Nós lembramos sempre com muito carinho toda apresentação que fazemos. Cada uma delas tem algo especial pra recordar. A estreia do live na Ressonância, que é uma festa feita pelos amigos Guss e Minoru, contou com muitos rostos conhecidos na pista, muitos amigos, foi muito especial. A primeira apresentação em Floripa, no Terraza, ao lado da nossa musa-amiga-madrinha-irmã BLANCAh foi incrível, todas as apresentações que fizemos no D-EDGE, que tem um público super receptivo e incrivelmente amável, nossa primeira apresentação em Berlim, no Ritter Butzke, onde tinham fãs de toda Europa vindo nos conhecer e dizer que tinham viajado entre países só pra ouvir nosso som, foi algo surreal! A nossa estreia no Green Valley, onde fizemos um DJ Set em que ninguém parou de dançar um segundo. Até agora temos sido abençoados com pistas incríveis!

8 – O que representa pra vocês um remix do Nick Devon?

É algo muito louco porque quando conhecemos o Nick Devon nós nem tínhamos lançado nossa primeira música, então éramos meros fãs do trabalho dele e com a nossa entrada na Steyoyoke e o crescimento do nosso trabalho, a nossa amizade com o Nick também cresceu. Um dos momentos mais legais da nossa jornada foi poder conhecê-lo ao vivo e a cores durante a nossa passagem por Berlim, quando ele tocou com a gente no Ritter Butzke. Então não podíamos estar mais gratos por ter um remix feito por um cara que hoje é nosso amigo, mas que pra sempre será nosso ídolo.

9 – O que uma pista precisa ter para se tornar especial?

Sempre pensamos no DJsSet ou live com começo meio e fim, contando uma história realmente. Então precisamos apenas de pessoas abertas a ouvir essas histórias, que contam um pouco sobre quem nós somos. O intuito é que essas pessoas viagem conosco – queremos fazer parte da história de alguém contando a nossa. Dessa forma toda pista se torna especial.

Force on the dance floor.

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